Porém, existe um outro lado, o que eu inacreditavelmente descobri. ( foi difícil porque não costumo me manter calada....Jamais!)
É o momento em que o silêncio que perpetua ao meu redor, é bem mais fácil e mais leve de ser vivido, do que palavras e diálogos que certamente poderiam ou não ajudar.
Creio que por uns três meses, a terapia tem ajudado intensamente neste processo de auto-conhecimento, de ver ou rever fatos e aceitar uma visão diferente das coisas. Engraçado é que eu sempre vi terapia como algo em que você contava suas coisas sem um desfecho moral ou decidido, mas, felizmente, a coisa é bem diferente do que eu imaginava.
É um mundo complexo, organizado, ( dependendo do profissional, claro ), e muito bem-sucedido.
Sempre que alguém me pedir se vale a pena eu diria que sim sem pensar duas vezes.
Porém, chegou minha época de calar. De parar tudo, de perceber que não é assim que as coisas acontecem, não é assim que podem vir e ir, que eu posso mudar a posição das coisas, mesmo que elas teimem em ficar em desalinho com o que eu penso. E como as coisas ficam em desalinho comigo! De 100% de coisas ditas, 99% eu vou reprovar ou ter uma outra opinião para o fato, causando uma rebelião de ideias entre locutor e ouvinte e pronto...lá se vão todas as construções adquiridas no momento e ao longo do tempo.
Então calo-me. Chega de expressar sentimentos. Guardar é melhor? Não foi até agora, mas se você colocar aos quatro cantos do mundo o que pensa, logo as coisas vem para te corromper a razão. Não é errado dialogar, mas chega um momento que o interior está tão machucado e ferido que tudo perde o sentido.
Perder-se em pensamentos é dar vazão ao crime interno, à auto-destruição, mas não vejo outra saída.
O mundo do lado de fora é sufocante. Creio que altistas sejam mais adaptados e por isso vivem melhor, pois não entendem o modo de como os seres humanos expressam suas emoções.
Cale-se!
Emudeça!
Feche os olhos!
Tampe os ouvidos!
Adiantou algo em seu sofrimento? Se sim, ótimo, entendeu o que estou falando. Se não, é porque você precisa estar dialogando no momento. Mas demorei anos e anos e anos, décadas ( risos ), para perceber que calar é dolorido, mas pode me manter entorpecida.
Gostaria por uma hora gritar a todos as injustiças cometidas, não comigo, nessa não vou entrar como vítima ( milagre!), mas tem seres humanos cruéis, falsos, hipócritas...
Dói eu ter que me calar ao invés de tornar público descobertas que podem fazer muitas pessoas abrirem os olhos, mas e daí? Por qual motivo elas não procuram por si mesmas? Eu já vi que teimo em querer virar líder sindicalista...risos...porque eu teimo em abrir minha boca sempre.
Mas desta vez não. Desta vez ficarei só em meu canto, sem expressar uma palavra de dor ou de alegria, imergir no denso da mente e afogar-me em águas turvas e lamacentas. Não quero ficar olhando o sol nascer, que coisa chata, que coisa mais sem graça. 99% das pessoas irão discordar, mas e daí? Pagam minhas contas? Então, por favor, vão para o quinto dos infernos porque para mim, se você não ajuda, não atrapalhe. Não preciso amar a todos, não preciso aceitar a todos, não preciso sorrir para todos. E daí se quero bater em alguém?
Chega de ilusões. Chega de papo, chega de blá. blá. blá.
Como canta Sandy: "Por favor, não me idealize. Assim você está fadado ao deslize."
" É melhor você ter certeza, estou longe de ser a madre Teresa, não pise no meu calo ou viro bicho e falo o que não quer ouvir..."
Quero dizer: "Te odeio, Você não presta, Você não nasceu para fazer isso, Você é uma mal-amada, Você precisa enxergar a verdade"....mas se for falar isso para as pessoas na rua, eu seria uma demente! Mas as pessoas deveriam ouvir isso para perceberem que não são perfeitas e que devem se adaptar a tudo.
Por qual razão eu escrevi tudo isso? Foi para algum intuito? Creio que familiar e nada mais. Mas vale para tudo na vida.
Agora me calo e o que posso dizer é: "Meu mundo dentro do meu mundo."
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